o c i a n ú t o p i a de Lara de Sousa com Naír Noronha

Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA)
Av. Samora Machel, N.468, Rua da Radio, Maputo, Moçambique

Orador*a(s)

  1. Lara de Sousa com Nair Noronha

Artista plástica

  1. Artesã

Sobre o evento

Este projecto, que uniu o CCMA ao Centro Cultural Franco-Moçambicano numa parceria, nasce, segundo Lara de Sousa na proposta de candidatura, do navegar nesse oceano, onde a imagem mitológica de uma rainha/mulher/matriarca nunca existiu.

“Num país [como Moçambique] de exaltação de guerreiros, imperadores, revolucionários, a rainha ficou apagada, ou prefiro pensar, submergida no oceano, como um sábio refúgio que deixou a terra e a guerra para os guerreiros”, prossegue.

Lara descreve “Ocianútopia” como uma quase-ficção resgatando retratos, danças, poesias, vozes, coros, batuques, guardados no Arquivo Histórico de Moçambique para fazer uma ponte entre o que “possivelmente fomos e o que provavelmente seremos”.

É, com efeito, a seu ver, uma oração para acordar a mulher mitológica que habita no oceano, através do resgate, apropriação e subjectivação desses arquivos que dizem tanto de nós, mas onde não estamos, ou habitamos o silêncio da existência.

Com o seu olhar poético sobre o mundo, em parte, assumidamente herdado da sua tia-avó Noêmia de Sousa, Lara e sua prima Naír Noronha integram à mostra “diários etéreos, onde uma impressão artesanal, em ciano, cor primária que constrói o imaginário do oceano, nos guia pela fragilidade da construção de iconografia, ao mesmo tempo que revela a sua profunda potência e urgência”.  

Ao que, ainda a luz do escrito na proposta de apresentação desta exposição, adicionam capas de cor, textura, emoção, subjectividade aos registros iconográficos do que possivelmente fomos, para projectar um outro arquivo futuro. A memória do futuro, onde o passado e o futuro se entrecruzam em (o)cian(o).

Trata-se de uma busca na medida em que ambas artistas se reconhecem fruto de todas as histórias possíveis e imaginárias da sua família que ao longo dos séculos transitou, através do oceano Índico, em direcções diferentes, momentos e contextos distintos do Oriente para África e mais tarde Ocidente.